Ataque com armas químicas: o quê fazer ao atingir os olhos?

O ataque com armas químicas ocorrido na segunda-feira (3/04/17) na cidade de Khan Sheikhoun, no norte da Síria, causou a morte de mais de 70 pessoas e deixou mais de 200 feridos, segundo os últimos dados levantados pelas Nações Unidas.(1)

Publicado por: WV Comunicação e MKT em 22/04/2017

A organização não governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) confirmou que as vítimas atendidas por seu pessoal apresentavam sintomas compatíveis com a exposição de 2 agentes químicos diferentes: um agente neurotóxico, como o gás sarin e também teriam sido expostos a cloro (1).



Queimaduras químicas podem ser provocadas por álcalis ou ácidos e também por gases, como os utilizados no ataque na cidade de Khan Sheikhoun ou por gás lacrimogêneo e spray de pimenta (que possui um composto químico chamado capsaicina, extremamente irritante e tem efeito broncoconstritor, o que causa dificuldade para respirar), usados para dispersar manifestantes em passeatas. As lesões oculares por fogos de artifício e foguetes de sinalização contendo hidróxido de magnésio também devem ser tratadas como queimaduras químicas.

Geralmente, considera-se que os gases químicos causam lesões oculares superficiais; contudo, há relatos de perda permanente da visão após este tipo de queimadura.

O tipo de agente químico, a quantidade de gás utilizada e o tempo de exposição, são fatores cruciais para se definir se haverá ou não lesão ocular permanente. As queixas oculares mais frequentes à exposição de gases químicos são:

- irritação ocular intensa;
-lacrimejamento abundante;
-sintomas de conjuntivite (olhos vermelhos, ardor, secreção, sensação de areia); -hipersensibilidade a luz;
-sensação de queimação;
-pupilas dilatadas;
-cegueira temporária (na maioria dos casos).



Fonte da imagem: http://policiamunicipal24horasgm.blogspot.com.br

Dicas para proteger os olhos em casos de exposição a gases químicos:

– Retire as lentes de contatos imediatamente (os gases tendem a aderir a elas, irritando ainda mais os olhos);

- Não toque nos olhos e nem na pele pois suas mãos e braços estão impregnadas pelo gás;

– Coloque se possível, um lenço embebido em água em torno do nariz , boca e proteja os olhos com as mãos;

- Procure sair do local e tente achar um local para lavar os olhos Após lavar as mão leve os olhos com soro ou água. Não use vinagre. Incline a cabeça para trás, levemente para o lado que será lavado e enxágue os olhos abundantemente com água ou soro fisiológico.

- Não esfregue os olhos nem a pele.

Mais dicas:

-Os gases causam, também, sensações de ansiedade. Não entre em pânico, os efeitos são reversíveis e passam rapidamente, em no máximo 30 minutos. Caminhe com cuidado, olhando sempre ao seu redor. Em caso de não ver, utilize seus braços como proteção. Peça ajuda. Nunca corra cego pois pode cair ou acidentar-se.

- Tente sair para longe do gás em direção a um local que não esteja tomado pela névoa. E lembre-se de ir contra o vento do lugar da explosão.

- Evite ficar sentado ou agachado, pois o gás se acumula mais próximo ao chão.

- O ideal é limpar o corpo com um tecido limpo e, se possível, trocar de roupa, pois os gases aderem às roupas, principalmente às de algodão.

- Assim que possível tome um banho com agua fria por 3 a 5 minutos, e depois continue com um banho rotineiro com sabão. Evite agua quente que abre os poros e permite a entrada dos componentes do gás em sua pele. Evite também banho de banheira que mantem os gases em contato com sua pele.

- As roupas usadas devem ser lavadas separadas das demais, primeiramente com agua fria e após com sabão.

- Caso sinta muito incômodo, procure um pronto-socorro.

Referências

1. http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-04/governo-sirio-acusa-terroristas-e-turquia-por-ataque-quimico-no-pais

2. Como Lidar Com Gás Lacrimogêneo, Agente De Pimenta E Granadas Efeito Moral. .http://policiamunicipal24horasgm.blogspot.com.br/2013/06/como-lidar-com-gas-lacrimogeneo-agente_9986.html

Autoria
Prof. Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello e Regina de Souza Carvalho