O uso de células-tronco para o tratamento ou recuperação do glaucomatoso
O diagnóstico atual de glaucoma e a sua evolução devem ser baseados em exames clínicos.
Estes procedimentos que buscam a objetiva e precisa avaliação quantitativa, com perfeita reprodutividade, mensurada por equipamentos com padrões comparativos com a normalidade, perfeitamente estabelecida na população do paciente em estudo.
Os atuais equipamentos que fazem análise quantitativa da espessura da camada de fibras nervosas da retina e da topografia da cabeça do nervo óptico trouxeram importantes informações para o aprimoramento do diagnóstico do glaucoma e de seu controle. Apesar disso, ainda é muito raro que um só teste isoladamente forneça o diagnóstico do início da doença ou seus sinais precoces de progressão, fato que encarece em muito a propedêutica e dificulta a prática na clínica diária.
A retinografia do disco óptico de boa qualidade, preferivelmente a estereofoto de papila, deve ser feita em todos os glaucomatosos ou hipertensos oculares. Tal conduta é preconizada em todo o mundo nos consensos da nossa especialidade médica.
Apesar de nem todos os pacientes apresentarem os primeiros danos detectados pela campimetria (azul/amarela) ou na campimetria de dupla frequência, as avaliações feitas com essas tecnologias colaboram muito no diagnóstico precoce.
Dentre as variáveis que podem influenciar na medida da pressão intraocular, a avaliação da espessura central da córnea é fundamental. Assim, as córneas espessas podem resultar em medidas falsamente elevadas, e as córneas mais finas, em valores falsamente diminuídos.
Outro aspecto importante é a variabilidade diária da pressão intraocular. Sabe-se que 36% dos pacientes têm seu pico máximo de pressão diária fora do horário do atendimento nos consultórios. Infelizmente ainda não dispomos das facilidades diagnósticas de outras doenças que, com um simples exame de sangue, tem-se positividade diagnóstica.
O tratamento do glaucoma ainda está baseado na redução da pressão intraocular, e deve ser personalizado, isto é, cada individuo tem sua regra.
Tanto o tratamento clínico como o cirúrgico tiveram grande evolução nas últimas décadas. Muito se evoluiu no conceito e tratamento do Glaucoma, mas muito ainda está por vir.
O uso de células- tronco para o tratamento ou recuperação de glaucomatosos tem futuro bastante promissor, tanto para a regeneração de células quanto para a promoção da neuroproteção ou da neurorregeneração. Mas, ainda aguardamos o uso clínico destes conhecimentos.
Não devemos esquecer nunca que o glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo.
Autoria:
Prof. Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello