Por que preciso avaliar o olho todo para operar a catarata?
Diferente do que dizem catarata não é uma “pelinha” na frente dos olhos.
A catarata consiste no branqueamento do cristalino (lente natural do olho localizada atrás da pupila-orifício central) atrapalhando a entrada de luz nos olhos, a
Veja no vídeo:
Figura 1. Catarata avançada.
As consequências variam desde pequenas distorções visuais até a cegueira total. Geralmente, manifesta-se de forma gradual e pode ocorrer nos dois olhos simultaneamente.
Os sintomas são variados:
• visão embaçada, turva, parecendo que tem uma névoa na frente;
• enxergar objetos duplicados ou de forma confusa;
• dificuldade para ler;
• dificuldade para distinguir cores;
• alteração frequente do grau de óculos;
• piora da visão na luz do Sol.
A catarata também pode ser congênita, mas isso é um fato raro: 85% dos casos são observados em indivíduos com mais de 60 anos, em decorrência de alterações bioquímicas relacionadas ao avanço da idade.
Por isso recebe o nome de catarata senil. Quando a visão está afetada pela catarata, o paciente deixa de executar tarefas que normalmente fazia como ler, dirigir, escrever, então a única maneira de melhorar a visão é através da cirurgia.
Previamente a cirurgia, o oftalmologista fará um exame geral do olho, que inclui as pálpebras, a lágrima, a córnea, a pressão intraocular, o fundo de olho (retina, nervo óptico, etc..) além de solicitar avaliação cardiológica e alguns exames de sangue (glicemia, hemograma, VHS).
Um olho que apresenta alterações importantes pode comprometer o sucesso da cirurgia. Por exemplo, se houver alterações significativas na lágrima, podem ocorrer complicações na córnea durante o pós-operatório e elevar o risco de infecção.
Se o paciente for portador de meibomite e blefarite severas (figura 2), deverá ser tratado antes da cirurgia, reduzindo o risco de endoftalmite (infecção dentro do olho causada por microorganismos, como bactérias e fungos) e aumentando o conforto do paciente.
Veja no vídeo:
Figura 2. Meibomite e blefarite.
Fonte: Farmacologia e Terapêutica Ocular
Ed. Cultura Médica Ltda, Guanabara Koogan
Tema Oficial do XXXVII Congresso de Oftalmologia – 2013
Conselho Brasileiro de Oftalmologia
Por isso, durante a anamnese (história do paciente), o oftalmologista investiga sobre a presença, nos olhos, de: ardência, vermelhidão, sensação de corpo estranho, coceira, dor, lacrimejamento, sensação de olho seco, visão de manchas, raios de luz, névoa, visão dupla. E após é realizado exame ocular minucioso.
Dependendo da alteração ocular encontrada, há necessidade de tratamento antes da cirurgia.
Também é importante analisar as doenças sistêmicas que o paciente é portador e os medicamentos que faz uso, porque certos medicamentos podem ter efeito adverso nos olhos.
Com relação a córnea, todas as camadas devem ser examinadas, buscando possíveis irregularidades. Na camada mais profunda da córnea, o endotélio, deve ser analisado o número de células. Há uma quantidade mínima de células necessárias para manter a transparência da córnea após a cirurgia.
A avaliação da retina também é fundamental. Alterações significativas da retina, geralmente levam a uma queda da visão e, sendo assim, mesmo submetendo-se a cirurgia de catarata, o paciente continuará com visão ruim devido a retina.
Nos portadores de glaucoma, a pressão do olho deve estar estável. Não há possibilidade de operar a catarata com a pressão intraocular alta.
Assim, é de suma importância avaliar o olho todo para operar a catarata.
Fonte: Regina Carvalho