Uma criança com catarata congênita total bilateral não operada antes dos três meses de vida será legalmente cega por toda vida

A catarata pediátrica, responsável por 14% das crianças cegas do mundo, é a principal causa tratável ou prevenível.

Publicado por: WV Comunicação e MKT em 21/05/2017

Podemos classificar a catarata pediátrica de acordo com o tempo de aparecimento em:

a) congênita, quando ocorre dentro dos três primeiros meses de vida
b) do desenvolvimento, quando ocorre após este período.

Uma criança com catarata congênita total bilateral não operada antes dos três meses de vida será legalmente cega por toda vida.

Sendo assim a detecção e tratamento precoces são de extrema importância para o prognóstico visual da criança.

Em relação à etiologia, a catarata pediátrica pode ser hereditária, onde as autossômicas dominantes correspondem a cerca de 75%; relacionadas a infecções maternas, principalmente no primeiro trimestre de gestação, como a rubéola, a toxoplasmose, a toxocaríase, o citomegalovírus e outras; associada a causas metabólicas como a galactosemia, deficiência de glicose 6-fosfato desidrogenase, hipoglicemia e hipocalcemia; associada a síndromes como as que ocorrem por exemplo na Síndrome de Down; causadas por trauma penetrante ou contuso, sendo estas causas comuns de cegueira monocular na criança; secundárias, comumente associadas à artrite idiopática juvenil; Iatrogênicas causadas por irradiação em crianças com leucemia ou corticoides naquelas com doenças autoimunes e Idiopáticas que correspondem a grande maioria das cataratas unilaterais não traumáticas.

A incidência mundial de Catarata Congênita é de 4:10.000 nascidos vivos sendo muito variável em magnitude. Ela é maior em países em vias de desenvolvimento devido, principalmente a infecções maternas durante a gestação.

A cirurgia da Catarata Infantil tem algumas particularidades que a diferem da catarata do adulto e deve ser realizada por cirurgião treinado em pacientes pediátricos; seu tratamento não acaba com a cirurgia. Por estas dificuldades a decisão de operar nem sempre é fácil. Nas cataratas totais ou que atingem todo eixo visual não há duvidas (figura 1).

Figura 1: Catarata nuclear densa.

Um teste muito simples, o "Teste do reflexo vermelho” (TRV) ou “Exame do Olhinho”, como vem sendo popularmente chamado no Brasil é a forma mais adequada para detecção precoce da catarata em crianças.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) recomendam a realização do exame logo após o nascimento. Se isso não ocorrer, o exame deve ser feito logo na primeira consulta de acompanhamento.

Em casos suspeitos ou confirmados, um exame oftalmológico deve ser realizado com urgência por oftalmologista.

Referências
1. World Health Organization (WHO). Preventing blindness in children. Report of a WHO/IAPB scientific meeting. Hyderabad, India, 13-17 April 1999.

2. Foster A, Gilbert C, Rahi J. Epidemiology of cataract in childhood: A global perspective. J Cataract Refract Surg. 1997;23, suppl 1: 601.

3. Bardelli AM, Lasorella G, Vanni M. Congenital and developmental cataracts and multimalformation syndromes. Ophthalmic Paediatr Genet. 1989; 10(4):293-98.

4. Pandey SK, Wilson ME, Wilson, Etiology and Morphology of Pediatric Cataract. In Wilson ME, Trivedi RH, Pandey, SK. Pediatric Cataract Surgery. Philadelphia USA: Lipincott Williams & Wilkins; 2005. p.6-9.

5. Foster A, Gilbert C, Rahi J. Epidemiology of cataract in childhood: A global perspective. J Cataract Refract Surg. 1997;23, suppl 1: 601.

Autoria:
Antonio Carlos Lotelli Rodrigues
Doutor em Oftalmologia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Responsável pelo Setor de Catarata e Cirurgia Refrativa da Faculdade de Medicina de Botucatu- UNESP

Denise Fornazari de Oliveira
Doutora em Oftalmologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Chefe de clínica da Oftalmologia do Hospital de Clínicas da UNICAMP