Vou fazer cirurgia de catarata e o cirurgião me falou do uso do Laser femtosegundo. Poderia fornecer mais dados?
O Laser de femtosegundo é uma tecnologia que veio para auxiliar o cirurgião-oftalmologista. Já é utilizada no transplante de córnea, na cirurgia refrativa e, desde 2009, na cirurgia da catarata.
Esse Laser usa energia concentrada com raio de comprimento de onda em fração de segundo na ordem de 10-15, daí o nome “femtossegundo”. O raio atravessa as estruturas transparentes do olho e, quando alcança o ponto focal, cria uma pequena formação de plasma que gera o corte no tecido. Depois do paciente ter sido acomodado no aparelho, essas operações demoram aproximadamente um minuto e meio. Em seguida, o paciente é encaminhado ao centro cirúrgico, onde a operação é concluída e o cristalino artificial (Lente Intraocular) é implantado1.
Esse Laser é utilizado em algumas etapas da Facoemulsificação, que é a atual cirurgia de catarata, a saber:
- ajuda a padronizar a incisão, sua localização, tamanho, profundidade, reduzindo ao mínimo a indução do astigmatismo;
- realiza a capsulotomia e a quebra do núcleo, reduzindo o tempo de aspiração e de utilização do ultrassom no centro cirúrgico, e com isso, diminuindo eventuais desconfortos para o paciente.
Não há dúvida de que as três etapas realizadas pelo Laser de femtossegundo fazem a remoção da catarata não só mais segura, como também mais previsível. No entanto, esta técnica tem alto custo e para o paciente quase não há percepção no resultado final.
Além de se questionar sua praticidade, pois o cirurgião deverá utilizar dois procedimentos para atingir um único resultado. Este é exatamente um dos grandes problemas do processo, já que o paciente deve submeter-se a parte da cirurgia em uma sala, em seguida mudar para outra, para tê-la terminada. Tal logística é bastante complexa, já que exige maior dispêndio de tempo e espaço, ou até de duas equipes para o mesmo fim2.
Bibliografia
1. Conselho Brasileiro de Oftalmologia, CBO. Cirurgia de Catarata com Femtosegundo. Disponível em www.cbo.com.br/novo/medico/pdf/jo/ed149/12.pdf
2. Beniz, J. Rev. bras.oftalmol., vol.70 (6), Rio de Janeiro; 2011
Disponível em : http://dx.doi.org/10.1590/S0034-72802011000600001
Autoria: Prof. Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello